Minha experiência com a ayahuasca: como a medicina da floresta despertou minha conexão com o Universo

Relato de um ritual de iniciação na ayahuasca e as reflexões profundas que tive sobre mim, o próximo, meus ancestrais e o cosmos

Um indígena com um arco e flecha correndo pela mata. Mandalas e cores que piscavam e se alternavam freneticamente ao fechar os olhos. A luminária azul no teto acima de mim como uma espécie de terceiro olho iluminando a minha consciência.

Esses foram os primeiros efeitos e visões que tive após consagrar a primeira dose de ayahuasca, medicina indígena milenar usada para processos de cura, autoconhecimento e contato com o Divino.

Era um sábado à noite e estava imersa em meio à zona rural de uma chácara em Campo Limpo Paulista, interior de São Paulo. Desde que cheguei ao local, por volta de 17h, fui, pouco a pouco, me conectando com a natureza ao redor. Estava tranquila, pois sabia que o que quer que eu entrasse em contato naquela noite seria para o meu crescimento como pessoa. Desde 2017, quando fiz meu TCC da faculdade de jornalismo sobre Santo Daime, penso em consagrar a ayahuasca, mas esperava pelo momento certo. Sinto que a hora chegou exatamente quando precisava. Antes, talvez eu não tivesse absorvido os aprendizados da medicina como neste momento da minha vida.

A cerimônia era de iniciação, então havia poucas pessoas no local — além de mim, mais sete iriam consagrar pela primeira vez. Junto, no salão onde a cerimônia ocorreu, havia os chamados guardiões, que são essenciais para garantir a segurança física, emocional e espiritual dos participantes. Eles apoiam os participantes em momentos de necessidade ao observar sinais de desconforto, auxiliam na condução prática do ritual, protegem o ambiente de interferências externas e garantem que a experiência seja acolhedora para todos.

Antes de iniciar a consagração e abrir o portal, como o responsável por conduzir a cerimônia definiu, fomos instruídos sobre como seriam as próximas horas, quais os efeitos esperados da ayahuasca ao longo daquela noite e também no pós. Ele nos explicou como a medicina age ao nos conectar com nosso inconsciente, subconsciente e até mesmo supraconsciente, que é o nível de consciência mais elevado que nos conecta com o Divino.

A ayahuasca: composição, histórico e efeitos

Cientificamente falando, a ayahuasca é composta a partir da combinação do cipó Banisteriopsis caapi e das folhas da chacrona (Psychotria viridis). O cipó contém inibidores da MAO (monoamina oxidase), enquanto a chacrona é rica em DMT (dimetiltriptamina), uma substância que, ao ser metabolizada no organismo, induz estados alterados de consciência. Esses efeitos incluem visões, reflexões profundas e intensas experiências emocionais ou espirituais, conectando-nos, muitas vezes, com a essência da vida. Considerada enteógena, a ayahuasca nos permite alcançar estados ampliados de percepção. É uma medicina que facilita a introspecção e o autoconhecimento, sendo utilizada como uma ferramenta de conexão espiritual e expansão da consciência.

Utilizada há milhares de anos pelos povos indígenas, principalmente na região amazônica, a ayahuasca tem raízes profundas na cultura dos povos originários do Brasil, Peru, Colômbia, Bolívia, Equador e Venezuela, que utilizam a bebida em rituais sagrados de cura, celebração e conexão com o espiritual. Atualmente, a ayahuasca também passou a ser inserida em contextos urbanos, expandindo-se para além dos rituais indígenas — um dos exemplos é o Santo Daime, religião tipicamente brasileira que surgiu no Acre e mistura elementos do xamanismo com o cristianismo.

Embora seu uso seja milenar, o uso do chá no Brasil chegou a ser proibido no início da década de 1980, mas em 1986 seu uso foi reconhecido para fins religiosos, após uma série de estudos conduzidos pelo Conselho Federal de Entorpecentes (Confen). Em 2010, o governo brasileiro, por meio da Resolução do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (Conad), reafirmou a legalidade do uso ritualístico da ayahuasca, estabelecendo diretrizes para sua utilização segura em contexto religioso.

Hoje, a ciência comprova cada vez mais os efeitos positivos da bebida. Estudos científicos mostram a capacidade do chá de promover a neuroplasticidade, um processo em que o cérebro cria novas conexões sinápticas. Esse efeito está associado ao DMT, que estimula receptores específicos no cérebro, contribuindo para o crescimento de novos neurônios e a reconexão de circuitos cerebrais, especialmente em áreas relacionadas à regulação do humor, emoção e memória.

Cada vez mais, o chá é estudado como uma potencial ferramenta terapêutica para condições como depressão, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e dependência química. Ao realizar uma breve pesquisa online em artigos científicos e reportagens, todos citam esses efeitos positivos, já que a bebida, além dos efeitos cerebrais, facilita processos de cura e autocompreensão.

Um desses estudos foi publicado em 2018 na Psychological Medicine, da editora da Universidade de Cambridge (Reino Unido). Feito pelo Laboratório de Neuroimagem do HUOL (Hospital Universitário Onofre Lopes), vinculado ao Instituto do Cérebro da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), a pesquisa focou em avaliar os benefícios terapêuticos da ayahuasca para depressão resistente ao tratamento, caracterizada pela falta de resposta a dois ou mais antidepressivos em dose plena. O estudo selecionou pacientes com essa condição, sem experiência prévia com substâncias como a ayahuasca, e revelou melhorias significativas já no primeiro dia após o uso do chá, com efeitos mantidos por 21 dias. De acordo com a pesquisa, esses resultados são promissores, já que a rápida resposta do tratamento é crucial na psiquiatria, especialmente para reduzir o risco de suicídio, superando as limitações de antidepressivos convencionais que demoram cerca de 15 dias para fazer efeito.

Voltando ao ritual de iniciação que participei, o responsável pela cerimônia também explicou os efeitos físicos que nos acometeriam. O mais provável de acontecer seriam os vômitos, processo conhecido como limpeza. Também poderiam ocorrer diarreia, aumento temporário da pressão arterial e da frequência cardíaca, sudorese intensa, ondas de calor ou calafrios, tremores, tensão muscular e dilatação das pupilas. Em todos os casos, ele foi enfático ao dizer: não há como ir a óbito ao consumir a ayahuasca se você seguir as orientações antes da consagração.

Recomendações e preceito

Antes da consagração, ainda em conversa online antes de confirmar minha participação no ritual, somos orientados para saber se podemos ou não seguir com o processo de iniciação. É muito importante seguir à risca todas as recomendações e preencher sua ficha de anamnese com sinceridade.

Pessoas com tendências à esquizofrenia, transtorno bipolar não tratado ou histórico de episódios psicóticos devem evitar o consumo, pois a bebida pode intensificar essas condições e desencadear crises. Além disso, quem faz uso de medicamentos como antidepressivos inibidores de recaptação de serotonina (ISRS) ou outros que alteram o sistema serotoninérgico deve ter cuidado, pois há risco de uma condição chamada síndrome serotoninérgica, que pode ser muito perigosa. Há uma lista sobre quais medicamentos não podem interagir com o chá ou devem ser suspensos nos dias ou semanas que antecedem e você pode conferir neste link.

Por isso, é essencial informar sobre qualquer medicação em uso e condições de saúde antes de participar de uma cerimônia, garantindo a segurança do processo. No meu caso, utilizo lisdexanfetamina para tratar o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), então precisei cortar o remédio nos 5 dias que antecederam o ritual.

Posso dizer que, para mim, foi um desafio ficar esses dias sem o remédio. O processo de questionamentos começou já nesse momento, quando me vi novamente tendo que lidar com a procrastinação e a falta de concentração típicos do TDAH — que, quando não tratado, me gera sentimentos sem fim de culpa e frustração. Embora o TDAH seja um transtorno de ordem neurológica, há formas e mecanismos de ter uma vida mais organizada, mesmo sem a medicação.

Nesses dias, me ver sem o remédio, me fez questionar coisas que até então eu estava suprimindo de certa forma. Um desses pensamentos foi tentar entender o que eu realmente gosto e quero fazer profissionalmente. Talvez não seja apenas o TDAH que me deixa menos focada, mas também a falta de uma motivação maior no que faço atualmente. Claro que o transtorno interfere na concentração, pois é algo que sofro desde que me conheço por gente, mas quando estou imersa em algo que faz sentido para mim, o hiperfoco me faz esquecer do mundo ao redor e o trabalho se torna prazeroso — como neste exato momento, enquanto escrevo esse texto.

Nos dias que antecedem o ritual, também é essencial seguir o chamado preceito, um conjunto de recomendações que visam preparar o corpo, a mente e o espírito para a experiência. Essas orientações incluem cuidados com a alimentação, abstinência de substâncias como álcool, drogas e cafeína, bem como práticas de introspecção e preparo emocional. O preceito é fundamental para garantir a segurança física e psicológica, além de nos colocar em contato com as questões internas que buscamos trabalhar, criando um estado mental de clareza, receptividade e respeito ao processo.

Entre as recomendações, está evitar carne vermelha ou de porco nos três dias que antecedem o ritual, pois esses alimentos são mais difíceis de digerir e podem sobrecarregar o organismo. Se possível, recomenda-se também evitar frango e alimentos industrializados, além de evitar, no dia da consagração, alimentos com açúcar ou adoçados artificialmente, priorizando uma dieta leve e equilibrada, a fim de facilitar a purificação que o ritual promove. A abstinência de bebidas alcoólicas e outras substâncias químicas é necessária para evitar interações prejudiciais com os compostos da ayahuasca, enquanto a prática da introspecção e da meditação ajuda a acalmar a mente e aumentar a conexão interna.

Outras orientações incluem evitar discussões, estresse e ambientes com muitas pessoas, preservando a energia pessoal para o processo. A abstinência sexual é sugerida porque a relação íntima envolve troca de energias, e manter-se focado no próprio equilíbrio facilita a preparação. Por fim, dedicar momentos à contemplação na natureza é uma forma de sintonizar com a energia do ritual e com a intenção de cura e autoconhecimento. Seguir essas práticas nos prepara integralmente para vivenciar a cerimônia com maior profundidade e segurança.

Serei sincera — eu não segui à risca o processo de preceito. Embora eu seja vegana desde 2020 e tenha uma alimentação regrada e saudável, calhou de entrar no período de Tensão Pré-Menstrual (TPM) nos dias anteriores à consagração. Todos os meses esse é um período bem difícil para mim, pois sinto uma fome fora do normal, especialmente de alimentos não saudáveis e chocolate, e fico muito mais emocionalmente instável. Na noite anterior ao ritual, me vi pedindo uma pizza via delivery e, no dia do ritual, comi um pedaço de chocolate 70% logo após o almoço. Embora eu saiba que não era o indicado, entendi que era uma necessidade hormonal do meu corpo e decidi me acolher nesse sentido. De qualquer forma, mantive uma alimentação vegana e o restante do preceito foi seguido.

Embora eles digam que a questão de não comer carne seja relacionada ao processo de digestão, eu entendo que também tem muito a ver com energias. Se estamos falando de um modelo de vida caçador-coletor, o consumo de carne é essencial para manter-se vivo. No modelo de sociedade que vivemos, animais viraram mercadorias e a exploração dessas vidas é a regra. Por isso, acredito que consumir alimentos provenientes de uma cadeia exploratória carrega muitas energias que sobrecarregam o corpo e podem afetar o processo. Essa é a minha visão, obviamente, mas uma amiga que come carne e já consagrou a ayahuasca mais de uma vez, disse que quando decidiu fazer um preceito de 21 dias sem carne — e também sem álcool — , teve uma conexão ainda maior com a força do que nas vezes que ficou apenas os três dias anteriores.

Rapé, defumação e início do processo

Todas as informações que trouxe ao longo dos parágrafos anteriores — sobre histórico da ayahuasca, sua composição, efeitos no corpo e mente, recomendações e preceito — foram passadas pelo responsável antes do ritual. Acho importante destacar todos esses pontos pois ter esse entendimento antes da consagração foi essencial para que o processo fosse muito mais tranquilo. Ao compreender como o chá atuaria, tanto física quanto mentalmente, refletir sobre as motivações do preceito que havíamos seguido e saber que haveria pessoas ali para cuidar de nós ao longo do processo, todos ficaram muito mais tranquilos em relação ao que estava por vir nas horas seguintes.

O salão contava com cadeiras em fio de PVC, aquele típico estilo de “cadeira de vó”, onde eu e cada um dos que iriam consagrar se acomodou. Levamos um tapetinho de chão para colocar os pés descalços em cima, além de nossos travesseiros e um cobertor. Embora fizesse muito calor quando chegamos, por volta de 18h, o frio viria com força mais tarde por conta dos efeitos do chá. Também foi solicitado que levássemos um colchonete, caso quiséssemos deitar, dois rolos de papel higiênico, um litro e meio de água e comidas para confraternizar ao fim do ritual. Abaixo da cadeira, havia um lixinho para potenciais necessidades — como já dito acima, os vômitos e náuseas são comuns.

Todos acomodados e após as recomendações terem sido finalizadas, veio a hora do rapé, que foi aplicado somente para quem desejasse. Todos, exceto uma das presentes, quiseram introduzir o rapé como parte do processo. Utilizado em práticas rituais de diversas culturas indígenas da Amazônia, o rapé é uma mistura de ervas medicinais finamente pulverizadas, geralmente composta por tabaco natural e outras plantas sagradas. Trata-se de um pó fino que é soprado pelas narinas com a ajuda de um aplicador, sendo considerado uma ferramenta para purificação e alinhamento dos chacras. Antes da cerimônia com a ayahuasca, sua aplicação nos prepara física, mental e espiritualmente, já que ele auxilia na limpeza energética, elimina tensões e promove concentração e calma. Fisicamente, ajuda a abrir as vias respiratórias e induz relaxamento. Espiritualmente, facilita a conexão com as intenções do ritual.

Não vou mentir, a sensação não é das melhores. É preciso segurar a respiração, colocar a língua no céu da boca para evitar que o pó desça pelas vias respiratórias, chegando à garganta, e depois ficar ao menos entre 2 e 3 minutos com o rapé nas narinas, antes de assoar o nariz. Eu tenho rinite e desvio de septo, e meu olho lacrimejou muito após a aplicação, além de ter sentido muita vontade de espirrar. Segurei o rapé nas narinas durante o período solicitado e a sensação de relaxamento foi perceptível. Nesse momento, fui sentindo-me cada vez mais alinhada com a energia do lugar e fui preparando-me ainda mais para o processo que estava por vir. Depois, assoei o nariz e, lentamente, o estado de relaxamento mais intenso foi passando, dando lugar a um estado mais centrado. No entanto, meu nariz seguiu entupido por um tempo, o que me incomodou de certa forma. Por isso, horas mais tarde quando o rapé foi oferecido mais uma vez, não quis participar da aplicação.

Também, antes do ritual começar, é feita a defumação do ambiente, com ervas purificadoras. O responsável por conduzir o ritual segurava uma cuia em uma mão e o pedaço de uma planta na outra, balançando a planta sobre as brasas na cuia, liberando a fumaça. Assim, passou por cada um de nós, que ficávamos em pé de frente e de costas, limpando nosso corpo energético e nos purificando para o processo que estava prestes a iniciar.

Abertura do portal e primeira dose

Depois, é realizada a abertura do portal, momento simbólico e espiritual que marca o início da cerimônia. Essa prática simboliza a criação de um espaço sagrado e protegido, onde as energias do universo, da natureza, dos ancestrais e das entidades espirituais — como orixás, anjos, arcanjos e outras manifestações divinas — são invocadas. A abertura do portal é também um ato de respeito e humildade, pois busca permissão e orientação dessas forças para conduzir a jornada com segurança, equilíbrio e propósito.

Nesse momento, os participantes são convidados a se interiorizar, meditar e abrir o coração para a experiência que está por vir. Além do aspecto individual, destaco aqui a importância do coletivo. Todos unidos no mesmo espaço formam uma egrégora, ou seja, uma energia coletiva gerada pela intenção compartilhada do grupo. Essa força espiritual conjunta fortalece o ritual, criando um ambiente harmonioso onde todos se sentem amparados e conectados, potencializando a experiência de todos ali presentes.

Somos convidados a consagrar a primeira dose. Assim, um a um se levanta e vai até o altar, onde recebemos um copinho de plástico de aproximadamente 50ml de ayahuasca. A graduação do chá, ou seja, a intensidade da bebida servida, era de grau 5 — um valor mediano, propício para um ritual de iniciação. O sabor é amargo e forte, meio terroso. A textura é espessa, lembrando um licor. Para disfarçar o sabor e como tira-gosto, pedaços de abacaxi foram servidos aos participantes. Sinceramente, achei que o sabor seria pior após ouvir relatos de amigos que consagraram antes de mim. O sabor me lembrou um pouco açaí puro, sem açúcares adicionados.

Doses consagradas, hora de voltar para nossas cadeiras. O momento inicial foi de meditação. Fomos instruídos a ficar de olhos fechados e respirar profunda e lentamente, inspirando pelo nariz e soltando pela boca. As músicas do começo foram relaxantes, mantras com frequências poderosas, como, por exemplo, o “Om”, que ajudaram a criar um ambiente profundo de calma e concentração. Esses mantras, que vibram em frequências elevadas, são tradicionalmente usados para promover a harmonização interna e a expansão da consciência. Os minutos que se seguiram foram de músicas instrumentais e meditativas, permitindo que começássemos a adentrar essa jornada interna.

Não sei quanto tempo passou, mas, em algum momento, comecei a ver pequenas luzes e cores se formando. Tudo isso enquanto estava de olhos fechados. De repente, ocorreu essa que entendo como uma das visões — ou miração, como é chamado — mais nítidas que tive durante aquela noite, já que as outras foram mais sutis: um indígena correndo com um arco e flecha pela mata. Não quero racionalizar demais o significado de tudo que aconteceu durante o ritual, mas senti uma conexão muito forte com os povos da mata durante toda aquela noite. Entendi, naquele momento, que os espíritos dos povos ancestrais estavam presentes naquele ritual, nos guiando para essa jornada interior.

Depois, comecei a ver mandalas e cores mais intensas, que se mexiam e mudavam freneticamente. Decidi abrir os olhos. A sala estava praticamente escura — havia velas em alguns cantos e apenas cerca de três ou quatro luminárias acesas, com lâmpadas nas cores azul e verde, criando um ambiente acolhedor. Logo acima de mim, no teto, havia uma luminária com uma lâmpada azul. O gesso ao redor da luminária formava o desenho de uma mandala, que parecia se mover. A luz azul tornou-se muito intensa e, por um instante, dava a impressão de ser um terceiro olho, iluminando minha consciência e me convidando a explorar as camadas mais profundas do meu eu interior.

Apesar disso, para além do que relatei acima, a primeira dose não gerou uma experiência muito intensa. Ao meu lado, uma mulher, imersa em sua própria jornada, repetia uma série de palavras em voz alta, que não eram abafadas o suficiente com a música e os atabaques sendo batucados pelos guardiões. Isso atrapalhou um pouco a minha concentração, junto com o mal-estar abdominal e náuseas que começaram a surgir. Precisei ir ao banheiro duas vezes, como parte da tal limpeza que fomos instruídos que poderia ocorrer. Nas duas ocasiões, uma das guardiãs me acompanhou e ficou esperando próxima da porta. O banheiro ficava na parte de fora e estava iluminado à luz de velas. Na segunda vez que fui, parei para observar o céu estrelado e a guardiã percebeu que eu não estava mais sob a força, informando que a segunda dose seria servida em breve.

O momento de espera para a segunda dose foi um pouco angustiante. Eu estava com muito sono e queria dormir, mas não conseguia relaxar o suficiente. Comecei a refletir e entendi que eu havia colocado muita expectativa na consagração da ayahuasca, no lugar de só deixar tudo fluir, e que talvez esse era o motivo de eu não sentir a força tanto quanto eu esperava. Refleti que faço isso muitas vezes na minha vida, crio expectativas demais sobre as coisas, tento racionalizar tudo, no lugar de simplesmente deixar as coisas fluírem e acontecerem.

A segunda dose: conexão com a mente do Todo

Jáestava praticamente consciente quando a segunda dose foi servida. O responsável pela cerimônia foi até cada um de nós, que podíamos decidir se iríamos ou não consagrar a segunda dose. Todos, exceto uma das presentes, quiseram seguir com a consagração.

Nesse momento, pensei que talvez a segunda dose viria como a primeira, talvez um pouco mais intensa, talvez não. Não quis me preocupar com isso, apenas me acomodei confortavelmente no meu travesseiro e acabei dormindo.

Acordei com a força chegando de forma intensa. Não me recordo muito do que eu vi durante esse momento, porque a velocidade das imagens e cores que se passavam pela minha mente era muito rápida. Minha mente estava em constante movimento, como se fosse uma viagem pela minha própria consciência, em um fluxo sem começo nem fim. As mudanças aconteciam tão rápido que eu mal conseguia processá-las, parecendo uma viagem sem um rumo definido. Enquanto essas imagens, cores e sentimentos passavam rapidamente, eu me sentia flutuando, e embora fosse uma imersão na minha própria consciência, parecia também uma viagem pelo espaço e pelo universo, como se minha consciência e o universo fossem uma única coisa.

Era como se eu estivesse simultaneamente em vários lugares. Parecia que a linha entre o interno e o externo havia se dissolvido. Havia uma sensação profunda de estar em um movimento contínuo, como se tudo estivesse em constante transformação — o que me revelou que nada é permanente, exceto a mudança.

O interessante é que só estou parando para pensar e refletir sobre tudo o que vivenciei durante esse ritual agora, ao escrever. Enquanto escrevo, reflito e traço paralelos sobre como me senti e sobre quais ensinamentos devo tirar da experiência. É uma jornada muito intensa, que leva tempo para ser digerida e compreendida. Recentemente, eu estava lendo O Caiballion, e um dos princípios das Leis Herméticas diz que “O TODO é MENTE; O universo é mental”. Agora, escrevendo sobre essa experiência, sinto que parte dessa sensação que tive foi de que minha consciência se fundiu com o Todo, revelando a unidade da mente cósmica e o fluxo contínuo da mente universal, onde tudo é interconectado, mas nada é fixo.

Para mim, compreender isso faz parte de um processo onde quebro todas as amarras que criei ao longo dos anos, pois cresci com muita resistência a crenças, sendo completamente cética a respeito de tudo. Fui ateia por muitos anos, após ter sido catequizada no catolicismo, religião que tenho muitas ressalvas por conta do seu histórico, e me fechei para toda e qualquer manifestação de espiritualidade. Ao longo dos anos, fui flexibilizando esse meu lado, tornando-me agnóstica. Até que, recentemente, passei a sentir a espiritualidade me chamando pela primeira vez, entendendo que nem tudo precisa ser explicado. E assim, passei a sentir coisas que não me permitia antes, sendo a escolha de consagrar a ayahuasca parte desse processo. Então, naquela noite, senti uma conexão profunda com o universo, como se minha existência fosse uma pequena partícula flutuando dentro de algo muito maior. E entendi que esse algo, o Todo, não pode ser explicado, apenas sentido.

Frio, amarras internas e acolhimento

Com o tempo, comecei a sentir muito frio, contorcendo-me na cadeira. Sentia vontade de ficar encolhida, como um bebê no útero de sua mãe. Eu me apertava com muita força, mas ao mesmo tempo que eu me abraçava forte, sentia também o desconforto desse ato. Refleti que eu precisava me soltar, me permitindo sentir esse frio, entendendo que ele fazia parte do processo. Então eu soltei os braços. O frio que veio foi avassalador e, nos momentos seguintes, senti falta dos meus braços me aquecendo enquanto eu tremia por inteiro. Foi aí que eu refleti que eu poderia me abraçar, mas, no lugar de me apertar com força, deveria me acolher carinhosamente,

Ao me soltar, percebi que a sensação de frio não era apenas física, mas algo que vinha de dentro, uma metáfora para minhas vulnerabilidades interiores. E ter-me apertado com força pode significar que, muitas vezes, eu crio amarras internas, prendendo-me em padrões de medo e controle, na tentativa de proteger a mim mesma. Quando soltei os braços, percebi que essas amarras, embora tenham me aquecido em um primeiro momento, me limitam e me impedem de avançar. Em vez de me encolher, como um reflexo instintivo de proteção, comecei a me abrir para aquela sensação desconfortável, permitindo que ela fluísse através de mim. Foi então que, de forma natural, me envolvi nos meus próprios braços, abraçando-me de maneira carinhosa.

Esse foi um momento de acolhimento, de amor próprio e de aceitação de tudo o que eu sou, mesmo nas partes que ainda sentem frio. Dessa forma, aquele abraço não era só físico; era uma reconciliação com minhas próprias limitações, com os meus medos e vulnerabilidades. Em vez de me reprimir, apertando-me com força, eu precisava me abraçar, acolher essas partes de mim que ainda estavam em busca de calor, aceitação e liberdade.

A fogueira: transmutação e conexão com os antepassados

Não sei quanto tempo se passou enquanto estava ali na cadeira, mas em um dado momento fomos convidados a ir para a parte externa da chácara, onde uma fogueira havia sido acesa. Com dificuldade de andar e a visão turva, fui guiada por uma das guardiãs. Ao redor da fogueira havia cadeiras e, junto com meu cobertor, sentei-me. Considero esse um dos momentos mais significativos e especiais do ritual.

A fogueira em um ritual de ayahuasca é frequentemente usada como um poderoso símbolo de transmutação, um processo de transformação espiritual e emocional. O fogo, com sua capacidade de consumir, purificar e renovar, é um elemento central em muitos rituais indígenas e xamânicos, representando a força do espírito e a ligação com os elementos da natureza. O fogo tem o poder de transmutar energias densas e negativas, transformando-as em algo mais leve e positivo. No contexto da ayahuasca, reforça a ideia de transformação interna, auxiliando no processo de autoconhecimento. A fogueira também pode servir como um canal de conexão com os ancestrais e com a sabedoria antiga, permitindo que nos sintamos acolhidos e guiados pelas energias espirituais ao redor.

O céu estava estrelado e as músicas que acompanhavam o ritual eram profundas e variadas, criando uma atmosfera que facilitava o processo de conexão e introspecção. Havia músicas de diversas tradições espirituais e culturais sendo tocadas ao longo da noite, todas convergindo para um propósito em comum: elevar a energia e facilitar a jornada de autoconhecimento. Canções do Santo Daime, da Umbanda, flautas indígenas, cânticos eslavos, hindus, incas e cristãos se misturavam, promovendo uma conexão profunda com a natureza, os ancestrais e as energias universais, mostrando que todas as crenças são, no fundo, a mesma coisa.

Ao olhar a fogueira, senti uma conexão profunda com os povos da mata, com as tradições ancestrais e com todas as mulheres que vieram antes de mim. Algumas das guardiãs dançavam com seus vestidos longos ao redor da fogueira, lembrando-me de todas as mulheres que vieram antes de nós e também dançavam ao redor do fogo, daquela mesma maneira. Pensei que aquele mesmo fogo, elemento de transmutação, que purifica e renova, também foi o responsável por queimar aquelas que ousaram ser donas de si mesmas — mulheres que desafiaram as normas impostas, mas que foram rotuladas como bruxas, curandeiras ou figuras incômodas ao poder estabelecido.

Perseguidas e marginalizadas por sua sabedoria e independência, elas também haviam sido consumidas pelo fogo. Talvez, refletindo aqui agora, o fogo possa ser a representação da força que essas mulheres possuíam, uma força que não pode ser apagada, mas sim transformada, transmutada, iluminando nossas lutas até os dias atuais. Ao mesmo tempo, havia um sentimento de acolhimento e pertencimento, como se o fogo me permitisse honrar essas ancestrais e a força que elas carregam.

Decidi olhar o gramado ao redor da fogueira, e logo abaixo de mim, a grama parecia ganhar vida, criando desenhos e formas que eram difíceis de descrever, como se o mato se contorcesse. Foi então que, de forma sutil e quase imperceptível, a imagem de um rosto começou a se formar: era uma caveira mexicana, com os detalhes de caracterização típicos do Dia de los Muertos, a famosa celebração mexicana que honra os mortos e celebra a vida.

Refletindo sobre essa visão, ela pode representar a ideia de que morte e vida estão intimamente entrelaçadas, sendo a morte apenas uma transição e não o fim. Junto com a fogueira, pode significar a necessidade de encarar e aceitar a morte simbólica de aspectos internos, como velhos medos, traumas e crenças limitantes, para poder renascer e me transformar. Ao final do ritual, quando todos conversamos e relatamos a nossa experiência, uma das participantes disse que sentiu que morreu ali naquela noite e nasceu novamente — sensação que foi relatada também por outros presentes.

De uma forma geral, esse momento da fogueira foi muito significativo. Ali, conectei-me profundamente com todos que vieram antes de mim. Senti uma conexão muito forte com os povos da mata e com todas as mulheres livres que foram queimadas. Depois que a imagem relacionada ao Dia de Los Muertos apareceu para mim, também senti uma conexão especial com o México e com sua rica cultura ancestral — talvez seja o momento de colocar esse país incrível no radar para próximas viagens.

A dança como libertação dos julgamentos

Voltamos ao salão, onde músicas animadas tocavam. Boa parte das pessoas se levantaram para dançar, sentindo uma conexão profunda com cada um dos cânticos. As mulheres balançavam seus vestidos, os homens também se soltavam, todos livres pelo salão. Os presentes deixavam fluir a energia da dança e da música, sorrindo e aproveitando o momento.

Eu, por outro lado, não conseguia criar coragem para levantar e integrar a dança. Sentia uma resistência dentro de mim, como se estivesse presa em uma corrente de cansaço e insegurança. Muitas vezes, durante aquela noite, minha mente estava cheia de pensamentos sobre o que os outros iriam pensar de mim, sobre como eu deveria agir ou me comportar. Muitos tiveram uma jornada mais expressiva, mas eu sinto que fiquei boa parte do tempo sentada, encolhida e reclusa no meu próprio mundo interior.

Olhando todos dançando, pensei, pensei e pensei mais um pouco. Parecia tão divertido! Então, decidi levantar-me. Uma das participantes sorriu para mim, me dando boas-vindas. Embora eu não tenha me soltado completamente, permiti-me embalar à minha maneira, entendendo que a dança não precisava ser perfeita, que o que importava era aproveitar o momento presente. Fechei os olhos e senti as batidas e letras envolverem todo meu corpo e mente, sentindo-me extremamente grata.

Percebi que, muitas vezes, o medo do que os outros vão pensar me impede de agir de forma autêntica. Durante aquele momento, quando olhei ao meu redor e vi as pessoas se entregando à dança, senti um bloqueio, como se estivesse mais preocupada com o olhar alheio do que com a minha própria experiência. Moldamos nosso comportamento com base no que acreditamos que os outros esperam de nós, deixando muitas vezes de viver nossas alegrias por conta de barreiras artificiais.

No entanto, em alguns momentos, também me peguei observando os outros, analisando a maneira como cada pessoa reagia à sua jornada. Alguns eram mais expressivos, enquanto outros pareciam mais contidos. Eu me vi avaliando essas reações e percebi que esse julgamento, ainda que inconsciente, estava me afastando da verdadeira essência do momento. Cada um ali estava vivendo sua própria experiência e esse olhar crítico sobre os outros não fazia parte do processo de autoconhecimento que eu me propus a buscar.

Observar os outros me fez refletir que, muitas vezes, projetamos nossos próprios medos e inseguranças nas reações alheias. Quando me dei conta disso, entendi que esse medo de ser julgada era uma extensão do julgamento que eu mesma fazia. Ambos eram formas de insegurança, de não me permitir ser quem eu realmente sou sem me preocupar com a opinião externa. Além disso, o julgamento que eu fazia das pessoas ao meu redor poderia ser uma tentativa de afastar a atenção de mim mesma e das minhas próprias questões internas.

Voltei para a cadeira e refleti que o amor e o respeito às diferenças são essenciais para uma convivência harmônica e verdadeira. Muitas vezes, julgamos os outros porque temos a necessidade de nos sentirmos superiores ou mais “certos”. Esse sentimento é alimentado, em grande parte, pela falta de autoconhecimento e aceitação.

Entendi que o caminho para a liberdade e para o verdadeiro autoconhecimento passa por aceitar o outro como ele é, sem julgamentos e sem projetar nossas inseguranças sobre as escolhas e os caminhos alheios. O mundo só evolui com amor e respeito. Amor, na sua forma mais pura, é a chave para mudar a nós mesmos e o mundo ao nosso redor.

A partir desse entendimento, passei a sentir um amor profundo por todas as pessoas que estavam ali presentes. Olhava cada um deles e enxergava uma beleza que irradiava, cada qual com sua forma de dançar, se portar e ser. Era como se, naquele momento, todas as nossas diferenças fossem celebradas e transformadas em uma energia comum que nos unia.

Fomos então chamados para nos levantar e aproveitar a última música do ritual. Todos, sem exceção, foram dançar. A letra falava algo sobre a dança circular da vida e, dessa forma, todos nós dançávamos em um círculo, celebrando a conexão que existe em tudo e em todos. Parecia que estávamos todos ligados, não apenas pela experiência compartilhada daquele momento, mas por algo maior que transcende o tempo e o espaço. Assim como o círculo, que não tem começo e nem fim, estamos interligados. Nossas jornadas, embora individuais, fazem parte de um ciclo coletivo. Ali, todos nos conectamos em alegria e, ao final, demos um abraço em grupo, cheio de afeto e acolhimento.

O ritual, então, chegou ao fim, o portal foi fechado e, cada um à sua maneira, havia percorrido uma jornada intensa de autoconhecimento.

Morte, renascimento e partilha

Aofinal, cada um dos presentes relatou como foi sua experiência. Considero esse momento de extrema importância, pois ouvir o outro é uma das melhores formas de aprendizado. Cada relato trazia uma vivência única, mas, ao mesmo tempo, havia pontos de conexão que nos uniam. Embora as experiências fossem diferentes, todos partilhávamos sensações em comum, como o enfrentamento de medos, a conexão com forças maiores, a busca por autoconhecimento e a percepção de que nossos problemas são pequenos diante da imensidão do universo.

Um dos participantes relatou também ter sentido muito frio e a necessidade de se proteger e se acolher. Refletiu que, ao se acolher, se cobra menos diante das suas vulnerabilidades, entendendo que o autoconhecimento é um processo gradual, feito de pequenos, porém significativos passos. Alguns passaram por momentos difíceis — uma das participantes vomitou muito, durante boa parte do processo. Outros tiveram visões de vidas passadas, entendendo que há coisas que foram feitas em outras vidas que não podem ser repetidas nessa jornada atual.

Todos, assim como eu, ainda estavam assimilando tudo o que havia acontecido. São muitas reflexões ao longo do processo, que levam dias e até semanas para serem digeridas e compreendidas. Enquanto escrevo esse relato, lembro-me de coisas novas que aconteceram ao longo do ritual, sendo que nem tudo eu inseri neste texto, apenas o que considero mais importante, pois o relato ficaria ainda maior do que já está.

Em todos os casos, houve um consenso de que todos saíram dali transformados. A sensação dos presentes era de que, ali naquela noite, todos haviam morrido e renascido de alguma forma. Isso me faz agora, enquanto escrevo, relacionar essa sensação de morte e renascimento com a visão que eu tive na hora da fogueira. A caveira mexicana, símbolo do Dia de Los Muertos, nos lembra que a morte não é apenas um fim, mas parte de um processo cíclico de transformação. Assim como no ritual mexicano, onde é celebrada a memória dos que partiram e a continuidade da vida, o ritual também nos convidava a honrar nossas “mortes internas” — os medos, dores e amarras que precisam ser deixados para trás — para que possamos renascer como pessoas melhores.

Compreendi que a transformação e o autoconhecimento envolvem acolher tanto nossas luzes quanto as nossas sombras, celebrando o que já foi e abraçando o que está por vir.

A jornada só começou

Nesse momento, o relógio já se aproximava das 5h da manhã. Fomos convidados a nos reunir ao redor da mesa para compartilhar uma refeição, com alimentos que cada um havia levado para celebrar o fim do ritual. Pão, bolo, torta, frutas e alimentos leves faziam parte das opções, nutrindo nosso corpo após a longa jornada das horas anteriores. Naquele momento, apesar do cansaço, todos se sentiam gratos e felizes, em um ambiente carregado de afeto.

Antes de nos despedirmos, fomos convidados para próximos rituais. Cada encontro feito pela casa é único, evocando energias e ritos específicos, e cada consagração traz consigo aprendizados novos. Você pode consagrar a ayahuasca uma série de vezes e, em nenhuma delas, a jornada será parecida — cada vez entraremos em contato com novas questões.

Saí dali com o coração leve, carregando comigo a certeza de que o processo de autoconhecimento é contínuo, mas também gratificante. Senti uma conexão imensa com o universo, libertando-me do ceticismo que por tantos anos me acompanhou. Entendi que, embora eu seja pequena diante da vastidão do cosmos, também sou uma expressão dele, parte de algo muito maior, como uma manifestação da mente universal.

O ritual havia finalizado, mas a nova jornada que me propus a caminhar estava apenas começando. Naquela noite, eu havia renascido. E agora, a partir de tudo que eu refleti e senti, poderei seguir em minha caminhada, a fim de buscar mais entendimento sobre quem eu sou e meu papel no universo. Afinal, o autoconhecimento não é apenas sobre mim, mas também um ato de conexão com o que me cerca.

Por fim, entendi que há sempre espaço para recomeçar, se acolher e emanar amor, tanto para nós mesmos quanto para o mundo ao nosso redor. Renasci e renascerei quantas vezes for necessário, sempre em busca de ser um alguém melhor. Seguirei aceitando os ciclos vida-morte-vida, aprendendo a confiar nos processos da minha caminhada. A jornada está apenas começando.

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